Alcoolismo e BPC/LOAS: Quando a Doença Garante um Apoio Essencial
- Ana Claudia Cardoso

- 28 de out.
- 3 min de leitura

O alcoolismo é uma realidade presente em muitas famílias brasileiras. Apesar de ainda ser cercado por preconceitos, trata-se de uma doença crônica e séria, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que pode gerar incapacidades físicas, mentais e sociais profundas.
Pouca gente sabe, mas em alguns casos, o alcoolismo pode dar direito ao Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS), um amparo financeiro destinado a pessoas em situação de vulnerabilidade e incapacidade de manter o próprio sustento.
Neste artigo, você vai entender como o alcoolismo pode ser reconhecido como deficiência, quais são os critérios do INSS, como comprovar o direito e por que a orientação jurídica é essencial.
O que é o BPC/LOAS e quem tem direito
O Benefício de Prestação Continuada (BPC), previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (Lei nº 8.742/1993), é um auxílio mensal no valor de um salário mínimo concedido a quem se encontra em situação de vulnerabilidade.
Ele é destinado a dois grupos:
Idosos, com 65 anos ou mais, que não têm condições de se sustentar nem de serem sustentados pela família.
Pessoas com deficiência, de qualquer idade, que apresentem impedimentos de longo prazo (mínimo de dois anos), sejam eles físicos, mentais, intelectuais ou sensoriais, e que impeçam a plena participação na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
Além disso, é necessário comprovar miserabilidade, ou seja, que a renda familiar por pessoa é inferior a 1/4 do salário mínimo vigente.
O alcoolismo como doença: uma condição que pode gerar incapacidade
O alcoolismo, também chamado de transtorno do uso de álcool, é uma doença progressiva, caracterizada pela perda de controle sobre o consumo da bebida e pela dependência física e psicológica.
Essa condição pode causar danos graves e permanentes à saúde e ao funcionamento social do indivíduo, enquadrando-se como deficiência para fins de concessão do BPC/LOAS, quando provoca impedimentos de longo prazo.
Entre as consequências mais comuns estão:
Físicas: cirrose hepática, pancreatite, doenças cardíacas, neuropatias e desnutrição severa.
Mentais e neurológicas: demência alcoólica, depressão profunda, transtornos psicóticos, crises de ansiedade e prejuízos cognitivos.
Sociais e funcionais: perda de emprego, isolamento, rompimento de vínculos familiares e dificuldade para realizar atividades básicas do dia a dia.
Quando essas limitações tornam o indivíduo incapaz de trabalhar e de viver de forma independente, o alcoolismo pode ser reconhecido como causa de deficiência para fins do BPC.
Critérios do BPC/LOAS no caso de alcoolismo
Para que o alcoolismo gere direito ao benefício assistencial, é necessário comprovar dois requisitos principais:
Impedimento de longo prazo
A incapacidade precisa ser duradoura (mínimo de dois anos) e deve afetar a vida diária e a capacidade de inserção social e laboral do indivíduo.
Casos como cirrose avançada, demência alcoólica ou transtornos psiquiátricos severos costumam se enquadrar nesse critério.
Vulnerabilidade social
O alcoolismo, em muitos casos, leva à perda da renda, do emprego e do apoio familiar, colocando o indivíduo em situação de extrema pobreza.
O INSS avalia a renda familiar, mas também analisa o contexto social por meio da avaliação social feita por assistente social.
Como comprovar o direito ao BPC/LOAS por alcoolismo
A concessão do benefício exige provas médicas e sociais consistentes.
Veja os principais documentos que fortalecem o pedido:
Laudos e relatórios médicos: emitidos por psiquiatras, clínicos ou neurologistas, devem descrever o diagnóstico de alcoolismo, o grau de dependência, os tratamentos realizados e as limitações que afetam a autonomia e a vida diária.
Exames complementares: resultados de exames hepáticos, neurológicos, tomografias ou ressonâncias que comprovem danos físicos ou cognitivos causados pelo álcool.
Relatórios psicológicos e sociais: ajudam a demonstrar o impacto do alcoolismo na rotina, nas relações familiares e na capacidade de trabalho.
Comprovantes de renda e residência: necessários para confirmar a situação de vulnerabilidade socioeconômica.
Essas provas serão analisadas durante duas etapas no INSS: a avaliação médica (perícia) e a avaliação social.
O papel do advogado previdenciário
Muitos pedidos de BPC/LOAS são negados por falta de documentação adequada ou por erros no processo de comprovação.
Por isso, contar com um advogado previdenciário é fundamental.
O profissional poderá:
Avaliar se o caso se enquadra nos requisitos do BPC/LOAS.
Auxiliar na coleta e organização dos laudos médicos e provas sociais.
Preparar o requerente para as avaliações do INSS.
Acompanhar o processo administrativo e, se necessário, ingressar com ação judicial.
O apoio técnico correto aumenta as chances de êxito e garante que o direito seja reconhecido de forma segura e dentro da legalidade.
Conclusão
O alcoolismo é uma doença complexa e incapacitante, que pode colocar o indivíduo em situação de vulnerabilidade extrema.
Quando comprovada a incapacidade duradoura e a falta de recursos para subsistência, o BPC/LOAS se torna um apoio essencial para reconstruir a dignidade e a segurança mínima de quem enfrenta essa condição.
Se você ou alguém que você conhece vive essa realidade, busque ajuda médica e orientação jurídica.
O acesso à informação e à justiça social é o primeiro passo para garantir o amparo que a lei oferece.







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